A história oculta
O que se transcreve a continuaçom é umha página do diário de um senhor falecido no dia de hoje. Nom se sabe se o motivo da sua morte foi a sua avançada idade ou a notícia do falecimento da mulher da que fala na seguinte história.
Martes, 24 de Junho de 2008.
Enterei-me hai pouco do falecimento da mulher á que eu mais amei na minha já longa vida. Guardei durante muito tempo este segredo e creio que já é hora de desvelá-lo. Nom aturo mais este tormento que me consome por dentro. Estivem com muitas mulheres, casei três vezes e divorciei-me outras tantas. Nunca me saiu bem umha relaçom estável, por que nunca pudem esquecer àquele amor que me marcou por sempre.
Tenho oitenta e dous anos e vejo rente à morte, mas nom quero que me enterrem com isto dentro minha. Por isso hoje, com os últimos folgos, vou-vos contar a história daquele amor.
Tenho oitenta e dous anos e vejo rente à morte, mas nom quero que me enterrem com isto dentro minha. Por isso hoje, com os últimos folgos, vou-vos contar a história daquele amor.
Tínhamos catorze anos. Íamos no mesmo liceu, no mesmo curso, ainda que em aulas separadas. Eu nunca me fixara nela, porque pertencíamos a distintas pandilhas. Pouco a pouco, e por diversos motivos, fomo-nos conhecendo. Nom tardei em dar-me conta do que tinha diante minha, umha mulher formosíssima e inteligente, mas fora do meu alcance.
Os pontos em comum, entre ambos, eram (e seguem sendo) mui poucos. Provocava-a com insultos para que me fizesse caso, mas isso nom conduzia a nengumha parte.
O tempo foi passando e chegou a hora de separarmo-nos. Deixava-mos atrás o liceu e começávamos a universidade. Àqueles dia a dia de insultos e de idas e vindas a sua aula ver se estava, mirá-la e depois marchar, acabaram. Escolheria a sua carreira e nom a voltaria ver nunca mais.
Agora, com os anos passados, sou consciente de que o nosso nom ia ir adiante. Sei que nunca lhe caim bem e ademais, as nossas diferenças som muito grandes: ela é eléctrica, eu sou mais tranquilo. Ela podia botar semanas sem ir a alguma que outra aula, eu ia a todas. Se a deixavam, ia toda a semana de festa, a mim, a minha vagaria impedia-mo. Do meu humor escarninho, às vezes mui cruel, ela nom gostava...
Esta é a história que vos queria contar. Por fim, depois de muitos anos podo botar fora todo isto. Se nom o fixem antes foi por vergonha, mas agora que ela morreu e que a mim pouco me falta, nom me importa nada.
Se existir outro mundo, lá nos vemos.
Descansa em paz, meu amor.
Os pontos em comum, entre ambos, eram (e seguem sendo) mui poucos. Provocava-a com insultos para que me fizesse caso, mas isso nom conduzia a nengumha parte.
O tempo foi passando e chegou a hora de separarmo-nos. Deixava-mos atrás o liceu e começávamos a universidade. Àqueles dia a dia de insultos e de idas e vindas a sua aula ver se estava, mirá-la e depois marchar, acabaram. Escolheria a sua carreira e nom a voltaria ver nunca mais.
Agora, com os anos passados, sou consciente de que o nosso nom ia ir adiante. Sei que nunca lhe caim bem e ademais, as nossas diferenças som muito grandes: ela é eléctrica, eu sou mais tranquilo. Ela podia botar semanas sem ir a alguma que outra aula, eu ia a todas. Se a deixavam, ia toda a semana de festa, a mim, a minha vagaria impedia-mo. Do meu humor escarninho, às vezes mui cruel, ela nom gostava...
Esta é a história que vos queria contar. Por fim, depois de muitos anos podo botar fora todo isto. Se nom o fixem antes foi por vergonha, mas agora que ela morreu e que a mim pouco me falta, nom me importa nada.
Se existir outro mundo, lá nos vemos.
Descansa em paz, meu amor.
3 pingas caídas nesta terra:
a primeira vez que entro nesta web!! unha forte aperta... en non será a derradeira.
Historia fermosa, sen dúbida. Estáseche pegando a vea garretiana ou castelobranquiana do Romantismo en estado puro, meu! É broma. Marabilloso texto. Viva o amor, ouh l'amor...
Um texto simples e sublime, que chega à mina donde nasce o manacial do sentimento. Quantas vezes é que batem a razom e o dever coa paixom? E coma bonecos de trapos calamos covardes num eterno silêncio que cai de maduro, como diria o Dieste. Um saúdo desde terras chantadinas.
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